Check-Up médico da criança: recomendações para o acompanhamento de saúde, atualizadas em março/2023 pela Academia Americana de Pediatria

A Academia Americana de Pediatria (AAP), uma associação médica de relevância global, publica periodicamente um guia para a supervisão de saúde das crianças chamado Bright Future: Guidelines for Health Supervision of Infants, Children and Adolescentes (Em tradução livre: Futuro Brilhante - diretrizes para supervisão de saúde de Bebês, Crianças e Adolescentes). Em março de 2023, a entidade médica atualizou as suas recomendações. Vamos conhecer algumas delas?

*Atenção: cada criança é diferente, assim como sua família, e merecem ser tratadas de forma individualizada. A diretriz se refere principalmente às crianças saudáveis, que não estão apresentando sinais ou sintomas de doenças, e recomenda ações de prevenção e vigilância. A periodicidade ou agenda de ações preventivas/diagnósticas pode sofrer modificações a critério médico, conforme a situação de cada criança.

Principais pontos da agenda de saúde:

• As visitas médicas devem começar já na gestação, dedicando uma consulta ao pediatra para que conheça o histórico de saúde dos pais e informações da gestação, além de orientar os pais quanto aos primeiros cuidados com o bebê recém-nascido.

• Uma consulta entre o 3º e o 5º dia de vida é recomendada para avaliar principalmente a amamentação e a ocorrência de icterícia.

• Consultas subsequentes com 1, 2, 4, 6, 9, 12, 18, 24, 30 e 36 meses, quando passam a ser anuais.

• Pressão arterial: nas crianças em geral deve ser aferida a pressão arterial em cada consulta a partir dos 3 anos de idade. Se houver fatores de risco (ex: doenças renais), deverá ser verificada desde recém-nascido em cada consulta!

• Visão: em crianças saudáveis, deverá ser realizada avaliação da acuidade visual a partir de 4-5 anos de idade, anualmente. Em crianças de 3 anos bem colaborativas, a vigilância poderá ser iniciada antecipadamente. Obs.: lembrar do teste do olhinho realizado ao nascimento (avalia outras doenças oculares e não a acuidade visual por si).

• Audição: realizar triagem auditiva ao nascer (teste da orelhinha) e prosseguir acompanhando conforme resultado. Em crianças sem doença auditiva ou sem fator de risco, retomar checagem auditiva aos 4, 5, 6, 8 e 10 anos de idade.

• Autismo: triagem para autismo entre 18 e 24 meses de vida.

• Avaliar risco de depressão e suicídio: a partir de 12 anos, anualmente.

• Exames complementares: ao contrário do que muitos pais imaginam, não há necessidade de uma enorme lista de exames de sangue, urina ou de fezes para fazer um bom “check-up” em crianças que estão indo bem. A maioria delas precisa na maioria das vezes de uma boa conversa com o pediatra e um bom exame físico. Um dos poucos casos que se recomenda fazer exame de rotina é a pesquisa de anemia e deficiência de ferro com 1 ano de idade (ainda assim deve ser considerado o risco individual); Outra situação que pode necessitar de exame de sangue é a triagem para dislipidemia entre 9-11 anos de idade. A partir dos 15 anos, deve-se considerar realizar exame para detecção de infecção pelo HIV conforme status de atividade sexual (é muito comum o início da vida sexual na adolescência), e pelo vírus da hepatite C a partir dos 18 anos.

As diretrizes Bright Future da AAP mostram-se como um excelente guia para as consultas de rotina na pediatria. Devemos considerar, no entanto, as particularidades brasileiras e também de cada criança juntamente com sua família, para tomar decisões adequadas e obter os melhores resultados em saúde.

Link do conteúdo completo da Agenda Brigth Future da AAP: clique aqui.